Cada vez mais o GRANDE dia se aproxima, a estréia de Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2, último filme da saga Harry Potter nos cinemas. E hoje continuamos com nossa contagem regressiva com histórias de fãs da série.

Apresentamos a história da nossa colunista Thayz Phoenix. Confira:

“Eu nunca esperei pela carta de Hogwarts, e esse talvez seja um dos poucos arrependimentos da minha vida. Conheci Harry Potter quando tinha nove anos. Minha melhor amiga - que eu poderia classificar como “melhor” só por isso, mas tenho, é claro, outros bons motivos - da época estava lendo Harry Potter e a Pedra Filosofal. Ela sempre chegava à escola e me contava sobre o que havia lido - vez ou outra, eu consigo ainda ouvir a voz dela tentando me explicar como Hogwarts funcionava. Achava toda a história interessante, de verdade, mas não passara disso. Não gostava de ler, naqueles tempos, e poderia me contentar muito bem com aquela narração improvisada.

Mas então, ela se transferiu de escola - e de estado! - e eu perdi contato. Juntamente com sua presença (porque nunca senti que nossa amizade tenha se partido de verdade), foi embora também a minha fonte particular de informações sobre Harry Potter. Assim, acabei deixando para lá. A minha falta de apego à literatura contribuiu bastante nisso. Sim, eu deixei Harry Potter para lá - essa frase provavelmente resume bem a diferença entre a Thaís de antes e a Thaís de agora. Um ano depois, eu também fui morar em outro estado. Não havia mais relacionado a Harry Potter em minha vida até então. Nada.

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Um dia, mexendo loucamente nos canais da televisão, passou a propaganda do SBT sobre o filme Harry Potter e a Câmara Secreta. Não sei ao certo se em 2005 ou 2006. E foi inevitável não lembrar aquele passado. O filme seria exibido à noite e eu já não tinha esperanças de conseguir assisti-lo em sua totalidade. Nunca conseguia me manter acordada por tempo suficiente. Mas resolvi tentar, senti curiosidade em relembrar aquele mundo e saber mais como era. Como se eu estivesse tentando valorizar uma coisa que, na época certa, não considerei muito importante até que escapasse pelos meus dedos.
Dá vontade de rir ao lembrar mim mesma sentada, com os olhos arregalados, diante da televisão. Fazia gestos agoniados e torcia como nunca por aqueles três. Não dormi em momento algum. Nem mesmo depois, ainda entusiasmada com tudo o que havia visto. Foi nesse dia que eu me apaixonei por Harry Potter. Aí minha vida mudou. Comecei calmamente - porque, afinal, eu ainda não gostava de ler -, procurando por outros filmes na programação do SBT ou nas locadoras. Assisti à Pedra Filosofal e a O Prisioneiro de Azkaban, encantei-me por Severus Snape (meu personagem preferido desde então) e decidi que era hora de procurar pelos livros.

Li todos os que pude, pedindo emprestado aos amigos ou procurando nas bibliotecas públicas ou das escolas nas quais estudei. Minha nova mudança de estado trouxe o mundo virtual para a minha vida e eu comecei a descobrir que havia mais Hogwarts na internet. Achei primeiro as fanfics e, posteriormente, os sites de Harry Potter. Passava o dia todo só olhando notícias e lendo histórias. Foram meses assim. Comecei a juntar dinheiro desesperadamente para ter os livros para mim. Fiz um planejamento que me permitiria comprá-los, todos (a exceção de RdM, que não havia sido lançado ainda), ao final de sete/oito meses. A expectativa era grande. Então eu simplesmente acordei numa quinta-feira enforcada de carnaval e descobri que haviam comprado todos os livros para mim.

Não posso descrever o que eu senti naquele momento, simplesmente não dá. Reli todas as histórias, por mais vezes do que seria saudável contar (e, assim, irremediavelmente me apaixonei pela leitura e pela fantasia), e continuei visitando sites de notícias e fanfics. Certa vez, O Mundo de Harry Potter resolveu promover uma competição. Um quiz, inventado por meu agora amigo - chato, mas legal -, Isaac Peverell. Ele, o Cristiano Rosa, fundador do Blog CT, e o Danniel Barros, antigo newsposter do saudoso Tirando da Penseira eram os organizadores. Eu nunca havia participado de nada assim na internet, nem mesmo tinha coragem. Mas me decidi por tentar, se calhasse de estar online no horário determinado no site.

Eu estava, eu sempre estava. E foi aí, novamente, que Harry Potter mudou a minha vida. Conheci esses três e outros tantos pottermaníacos, participei da melhor competição da minha vida, descobri que era possível amar Harry Potter cada vez mais e encontrar pessoas do outro lado do país que conseguiam entender isso. Fiz amigos, melhores amigos. Ganhei o primeiro Quiz AG (e o Isaac não consegue admitir que ganhar o quiz mais difícil de todas as edições me faz uma pottermaníaca de respeito). Fui entrevistada pelo Cristiano e, não sei como, convidada para integrar a equipe do blog Tirando da Penseira (que se tornou, posteriormente, o Criando Testrálios).

Comecei a escrever fanfics paralelamente aos posts do blog, mas tenho de reconhecer que não são exatamente motivo de orgulho (eu melhorei nisso, juro!). Depois, o Danniel me apresentou os RPGs e me convidou para participar, jogando com o Dumbledore, de um fórum que ele administrava. Eu fui. Viciei-me em RPG também. E minha vida passou a ser isso: reler Harry Potter, rever os filmes, escrever e ler fanfics, postar no blog, ajudar com as outras edições do Quiz AG e me afundar cada vez mais no RPG. Conheci muitas outras pessoas, achei amigos para toda a vida. Sorri, chorei, brinquei. Aprendi demais. Troquei a Matemática pelo Português, os números pelas letras. Compreendi melhor as pessoas.

Mudei.

E, para mim, tudo não termina em 15 de julho. Eu já sei o que fazer. Acredito que, quando Dumbledore diz “Não vale a pena viver sonhando e se esquecer de viver.”, ele também se refere ao passado. Não se pode viver no passado e esquecer-se de viver. Tudo bem. Eu construirei o meu futuro com Harry Potter. E, isso sim, começa em 15 de julho.”