Pode um livro infanto-juvenil ensinar sobre a história e os clássicos do rock? Pode sim, e principalmente se a obra for A Maldição da Rainha do Rock, de Mathilda Kóvak, publicado em outubro de 2011 pela Editora Escrita Fina. Com 116 páginas e dividida em 9 capítulos, a história narra uma aventura de Gustava Ashkenazi, uma garota blogueira de 13 anos que vai a um show de rock.

Após subir em uma torre para ter um bom ângulo e poder fotografar a ídola rockstar Samantha Fortune, Tata, como era mais conhecida, cai após um raio atingir o lugar onde estava. Como consequência, alguns mistérios começam a aparecer na vida da menina, como seu corpo ficar fluorecente e ela precisar beber água para passar.

Em meio a isso, sua mãe Edna e seu cachorro blassé Wladimir acompanham a vida da jovem, que fica seis meses em tratamento. Após esse tempo, que coincide com seu aniversário de 14 anos, ela ganha uma guitarra prateada e muito misteriosa. Sentindo-se perseguida pela cantora e guitarrista com mais de 30 anos de carreira, Tata fica sabendo que Samanta está fazendo sucesso com uma música sua. E com a ajuda dos amigos Rafael e Theodor, ela acaba descobrindo que todas as suas composições musicais estavam sendo transmitidas por telepatia à roqueira famosa do show.

Sob conselhos do neurocientista e parapsicólogo Ruz, eles montam a banda Projeto Euterpe, em que assim que Tata escreve uma canção, eles gravam o clipe para registrar a criação da música por parte da garota. O grupo faz sucesso e, em uma apresentação de Samanta em que canta um “novo” som seu, é desmascarada como plagiadora. Com isso, a rockstar e seus empregados armam uma armadilha à menina e prendem ela e Rafa no seu castelo, a fim de que produzissem canções originais à cantora. Enquanto isso, Tata descobre que pode ser telepata também com os amigos e envia mensagem contando onde está.

Juntamente com a mãe da jovem, os amigos planejam uma solução e fazem Samantha de refém, conseguindo chegar à sua moradia e libertar Tata e Rafa, que compusera uma ópera-rock que deixou a cantora louca. No final, a ex-rockstar perde um pouco o controle sobre si mesma e o grupo de amigos fazem sucesso como banda de rock super conhecida e admirada.

Ao longo do livro, vários artistas e bandas do rock são citados, como Buddy Holly, Beatles, Neil Young, The Who, Velvet Underground, Fred Astaire, Bob Dylan, Jimi Hendrix, Rolling Stones, David Bowie, AC/DC, Jerry Lee Lewis, entre outras referências que ilustram a obra, juntamente com as letras das músicas que a protagonista escreve.

Aos mais conhecedores do rock n’ roll, pode-se perceber também uma certa crítica ao cenário musical, a alguns clichês e à relevância dos fundadores do gênero. Contudo, a obra entrete muito bem o leitor, porém não horna com sua pequena sinopse: Suspense. Paranormalidade. Terror. Humor. Terrir… e muito rock’n'roll. Esses são os ingredientes desta que é a a primeira ópera-rock literária de todos os tempos. Não há terror na obra, e o gênero terrir nem aparece também. Mas isso não desmerece o livro que diverte e oferece lazer e curiosidades musicais.